Eles estão caminhando,
como uma procissão calma,
para o precipício.
E eu, Holden, não posso pegá-los...
Sou um apanhador no campo de centeio preso ao chão.
Tento, e tento me libertar, mas estou preso
à essa maldita prisão conceitual.
A garganta sangra, por tantas as vezes que gritei em vão.
Eles continuam caminhando para o precipício,
vez em outra, um que passa por mim, ouve meus gritos de demente:
Para, olha, mas não é capaz de me ajudar...
prefere andar com o resto da multidão,
e eu acabo lá, novamente, preso ao chão.
As correntes produzidas por eles próprios,
impedem-me de qualquer forma,
a liberdade.
Acho, as vezes, que eles também estão acorrentados
a esse fluxo...
Sinto, Holden, mas estou sem forças para continuar...
Nadei, e nadei, mas vou acabar sendo levado pela correnteza,
e por fim, morrerei junto de todos os que tentaram, na praia.
Kássia Hoshi
O poema foi inspirado pela conversa que tive com o meu profº de filosofia, ele dizia que a maior dor (e também o maior prazer) do filósofo, é saber que tem um precipício mais a frente e ver todas as pessoas caminhando pra ele, sem poder fazer nada. Sábias palavras.
ResponderExcluirNee... Seus poemas me causam arrepios... Sabe?! Tocam fundo mesmo, me fazem pensar em coisas que não é do meu costume... e acabo refletindo que, por fim, sou arrastada pela correnteza como todos os outros e que morrer na praia acaba sendo o fim que me espera, independente de tudo o que eu tente fazer.
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