quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Circular, seu problema é circular

Por Kas Hoshi

A acidez dos teus lábios corroeu minha liberdade
E nenhum anjo veio me dizer que eu ia ser gauche na vida.
Nasci avesso nesta sociedade
Em uma falsa contrapartida.

O sonho acabou
A essência ecoou
E o poema terminou.

Com botão automático emperrado
Desesperado me tornei,
Encalhado à rua
De sonhos quebrados.

Nas páginas amarelas
Só a incerteza.
Nos chiados de 86
Somente as tristezas.

O sonho acabou
A essência ecoou
E o poema terminou.

O teu olhar amargo petrificou minh’alma.
 “A instabilidade faz parte de nós”, ele disse,
A cura, ele riu, não existe.

Salvarei a nação e não salvarei a mim mesmo.
Nenhum Holden questionou
A inocência caída
Nas profundezas das tuas certezas.

O sonho acabou
A essência ecoou
E o poema terminou.

Na fragilidade desta caverna,
As sombras eram só projeção.
Quando os olhos enfim arderam
Eu vi o caos substituir minha percepção.

Nem seus pilares existem mais.
Quanto mais nossas certezas.
Recolha teus pedestais
E que a mim jamais pertença.

O sonho não acabou
A essência ecoou
E o poema recomeçou.

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